Statement
Dentro da minha pesquisa e produção em pintura, me interessa refletir e apresentar possibilidades plásticas relativas à passagem do tempo e como essa experiência pode ser poeticamente apresentada. Nesse contexto, entendo a imagem dos túneis como uma alegoria possível dessa passagem. Mas estou sempre voltando e me questionando, sobre “o que é o tempo, de fato?”. O tempo é um conceito que transcende simplesmente à medida cronológica das horas, dias e anos. Sem dúvida, nós compreendemos quando nos falam sobre ele. Mas quando tentamos explicá-lo, não sabemos mais. Isto é um paradoxo levantado por Santo Agostinho, que questiona como é possível medir o tempo, já que “o passado não existe mais, o futuro ainda não aconteceu e o presente é fugaz”. Metaforicamente, estudo a representação do tempo por meio das imagens de túneis e sua sensação inequívoca de passagem que todos sentimos. Podemos pensar em tempo como algo que está sempre em movimento, associado à mudanças e eventos em constante evolução. Túneis me trazem a sensação e estado de transição, passagem, transformação, jornada, exploração e finalmente da escuridão e incerteza. Simboliza a transição de um estado para outro, seja físico, emocional, espiritual ou mental. Ele pode representar a passagem de um estágio da vida para outro, indicando um processo de transformação ou mudança significativa. A ideia de túnel também pode ser aproximada à ideia de jornada interior ou exterior, física ou metafísica. Pode sugerir a exploração do desconhecido, ultrapassar desafios ou enfrentar obstáculos. A passagem por um túnel também pode ser a transição entre a claridade e a escuridão, entre a luz e a sombra, entre o conhecido e o desconhecido. Essa dualidade é que me assombra! Gosto mesmo é da madrugada, do lusco-fusco que talvez nos revele o princípio da incerteza e talvez - quem sabe? - o retorno a um eterno fim.